sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Portfolio: Registos de Áudio

O Menino Da Sua Mãe

Mafalda Veiga

Composição: Fernando Pessoa


O plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
- Duas de lado a lado -
Jáz morto e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
"O menino da sua mãe".

Caía-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe está inteira
É boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira alada
Ponta a roçar o solo
A brancura embainhada
De um lenço ...Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
"O menino da sua mãe".

Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jáz morto e apodrece.

O menino de sua mãe.

Cavaleiro Monge

Mariza

Composição: Fernando Pessoa

Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por casas, por prados
Por quinta e por fonte
Caminhais aliados

Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por penhascos pretos
Atrás e defronte
Caminhais secretos

Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por prados desertos
Sem ter horizontes
Caminhais libertos

Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por ínvios caminhos
Por rios sem ponte
Caminhais sozinhos

Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por quanto é sem fim
Sem ninguém que o conte
Caminhais em mim.

Interpertação do grupo: todas as músicas apresentadas são adaptações de poemas de Fernando Pessoa. Podemos verificar a saudade que o poeta apresenta em relação a sua infancia. Este tambem retrata um menino que se encontra longe da sua familia. Esta anseia o seu regresso e isto pode-se verificar principalmente quando o poeta afirma "Que volte cedo, e bem". Por fim ha um retrato de um cavaleiro que andava sem rumo, percorrendo vales, rios e montes. Este apresentava uma forte ligaçao com a Natureza, regeitando, deste modo, o contacto com as pessoas. Preferindo silêncio e o afastamento em relaçao aos problemas.

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